Foto: Blog de Jamildo
Um prefeito decidido a tentar a reeleição, aliados (do partido e da base governista) que querem a qualquer custo lançar outro nome, uma prévia cancelada, outra remarcada (e, logo em seguida, desmarcada), especulações e trocas de farpas constantes entre correligionários. O que se vê no cenário político do Recife é o partido da situação, o PT, sendo protagonista de uma das maiores confusões já vistas na cidade. A situação arrasta-se há meses e emperra também as decisões da oposição. Finalmente, uma definição sairá nesta terça-feira (5), após uma reunião da Executiva Nacional da sigla, em São Paulo.
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Na sociedade, o prefeito João da Costa é criticado pela falta de carisma e má gestão. Apesar disso, lidera pesquisas de intenção de votos, exceto quando o ex-padrinho político e deputado federal, João Paulo, entra no pleito, hipótese descartada pela legenda e por ele próprio.
No partido e na Frente Popular, aliados defendem que os eleitores querem manter a gestão do PT - que assume a capital pernambucana desde 2000, com dois mandatos de João Paulo -, mas mudar o condutor. No fim das contas, o racha no partido é por conta de uma briga entre João da Costa e João Paulo.
O mau-estar entre os dois se arrasta desde o primeiro ano do mandato do atual prefeito. Antes disso, eram aliados. João da Costa assumiu secretarias importantes quando João Paulo era prefeito, como a de Planejamento. João Paulo peitou lideranças petistas para lançar Costa como seu sucessor e conseguiu elegê-lo. Hoje, caminham em lados opostos. João Paulo já ameaçou deixar o partido, recentemente asseverou que não sobe no palanque do desafeto em hipótese alguma.
João Paulo avisa que não sobe no palanque de João da Costa de forma alguma
Os motivos da desavença nunca foram comentados detalhadamente. Nos bastidores, comentam-se que João da Costa sentiu que o ex-prefeito queria interferir demais na sua administração, enquanto João Paulo afirma que Costa distanciou-se após a eleição, chegando a nem atender ligações.
Neste cenário, João Paulo liderou uma articulação para lançar um outro nome petista para concorrer ao Palácio do Capibaribe. Com o lançamento do deputado federal Maurício Rands e a persistência de João da Costa, o partido precisou recorrer a uma eleição interna para definir um nome.
Além de João Paulo, Rands tinha o apoio da maior corrente petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB), do senador Humberto Costa, da maioria dos vereadores e dos deputados, e, nos bastidores, do ex-presidente Lula e do governador Eduardo Campos (PSB).
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Foto: divulgação
João da Costa tem ao seu lado o deputado federal Fernando Ferro, os deputados estaduais André Campos e Teresinha Nunes, além de alguns vereadores e o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto. Aliás, também pode-se dizer que João da Costa também tem o apoio da militância, já que no último dia 20, ganhou de Rands a prévia com 553 votos de diferença.
Entretanto, Rands e aliados o acusaram de ter "voto pirata". Uma desavença em torno da lista de filiados aptos a votar acabou gerando uma briga de liminares. Em menos de 24h, três documentos do tipo foram emitidos pela Justiça. Com a judicialização do processo, a Executiva Nacional do PT interveio no processo municipal e, no dia 24 do mês passado, anulou a eleição interna, apesar de garantir que não houve fraudes, apenas falhas.
Na mesma semana, a Executiva tentou um acordo entre Rands e Costa em torno do nome do senador Humberto Costa. A proposta é que ele seja o candidato. Rands, que é aliado do senador, retirou sua candidatura. João da Costa não. Com a desistência do deputado federal, ele quer sua candidatura homologada pela Executiva Nacional. Nos bastidores, correm rumores de que ele irá recorrer de todas as formas possíveis, caso a Executiva Nacional imponha a candidatura de Humberto Costa.
Apesar disso, um fato é certo: nesta terça (5), um candidato será escolhido. Foram convocados para a reunião na sede do partido os 20 membros da Executiva, da qual Humberto Costa faz parte, já que é vice-presidente nacional da legenda. João da Costa e aliados também participarão.
Com a definição do PT, a locomotiva das eleições do Recife voltará a andar. A oposição retomará as articulações para lançar candidatos. O chamado grupo alternativo da Frente Popular, liderado pelo senador Armando Monteiro (PTB), que ameaça lançar um nome diferente do PT, caso João da Costa seja o candidato, também determinará seu rumo. O governador Eduardo Campos se posicionará oficialmente. E serão marcadas as datas das convenções partidárias, que devem ocorrem até 30 de junho.
Publicado no Blog de Jamildo
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