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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CAOS NA SAÚDE DE CAMARAGIBE-PE

Postos de saúde sem médicos e remédios
CAMARAGIBE Moradores denunciam que madrugam na fila para marcar exames e consultas nas Unidades de Saúde da Família e que retornam para casa sem conseguir atendimento
Três horas da madrugada e as filas nas 40 Unidades de Saúde da Família (USF) de Camaragibe, no Grande Recife, começam a se formar. Depois de muita espera para agendar exame ou consulta, a volta para casa de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade é frustrante.

Faltam médicos, remédios, material para fazer curativos e os funcionários se veem obrigados a comprar os produtos de limpeza dos postos. Profissionais que atuam nas unidades tentam denunciar o desamparo, mas afirmam que pedir solução ao Executivo municipal é como falar com as paredes.

A desatenção com o atendimento básico se reflete na vida da população que não tem condições financeiras para pedir socorro em unidades particulares de saúde. Quem consegue juntar dinheiro para ser atendido com mais respeito, faz de tudo para passar longe dos postos da cidade.

Vizinha da unidade de Nazaré-Inabi, no bairro de Jardim Primavera, a aposentada Euridice Coelho, 79 anos, desistiu de procurar o posto. “Quando preciso de ajuda médica, recorro ao dinheiro que já tenho guardado para emergências. Vou de táxi para San Martin (Zona Oeste do Recife) e pago pelo atendimento de uma unidade particular”, afirma.

A dona de casa Rosilene Cabral de Oliveira, 63 anos, diz que desde junho procura atendimento no posto de saúde de Nazaré para conseguir fazer uma ultrassom. “Chego na fila de madrugada e não consigo ser atendida. Sou hipertensa e tenho a glicose alta. Os medicamentos nem sempre chegam, principalmente o enalapril, que vive faltando”, conta.

Representante do Conselho Municipal de Saúde, Laudicéia Ramos, afirma que denuncia problemas no atendimento à população de Camaragibe há pelo menos dez anos.

“Em Camaragibe, a gestão do SUS é plena. Significa que a verba chega para o município, e o gestor informa que dá cobertura e assistência para os moradores, além de seguir à risca as normas do SUS e da Anvisa. Só que na prática não funciona. E o SUS, o Estado e o governo federal não se preocupam em fiscalizar o uso adequado do dinheiro”, comenta.

Em todas as unidades, não chega material de limpeza há pelo menos quatro meses. Nos postos de Jardim Primavera I e II, os funcionários se revezam para comprar detergente, água sanitária e desinfetante. Já no serviço que atende moradores de Tabatinga I e II, os servidores precisam levar até papel higiênico.

Sem conseguir atendimento, as pessoas terminam procurando o Centro de Especialidade Médica (Cemec), que deveria servir apenas como emergência.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Camaragibe, que havia flagrado medicamentos sendo destruídos na unidade de Aldeia, no ano passado, voltou a denunciar o descarte de remédios vencidos, em abril deste ano, na Central de Medicamentos, que fica nas proximidades da prefeitura do município.

Em setembro passado, o conselho encontrou mais medicações vencidas e mofo no Posto de Burrione. Funcionários do local reclamaram da falta de condições de trabalho.

A reportagem do Jornal do Commercio tentou entrar em contato com a secretária de Saúde de Camaragibe, Ricarda Samara, mas o celular dela passou o dia desligado ou fora da área de cobertura.

O JC também tentou falar com o diretor médico do município, Alexandre Cezar. Ele atendeu a reportagem e solicitou que a ligação fosse retornada no fim da tarde. No entanto, depois não atendeu nem retornou as ligações.
FONTE;JORNAL DO COMERCIO 04/10/2011-CIDADES

Publicação do Impunidade Transparente.

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